“Eu era viciado em pornografia”
Sucesso mundial nos anos 90, o francês Chris Durán rendeu-se à fé e agora, pastor-cantor, reúne multidões em shows gospel e pregações em que diz operar milagres
Elena Corrêa

MÚSICA E ORAÇÃO
Aos 33 anos, o pastor-cantor apresenta-se em eventos religiosos por todo o país, cantando músicas gospel e fazendo pregações. “Antes, vivia num mundo de fantasia, onde as pessoas buscam a realidade em drogas e álcool. Hoje, prego a palavra de Deus, canto músicas alegres e reúno multidões. Já tivemos 250 mil pessoas no Estádio do Maracanã. Deus colocou em mim o dom de orar pelos enfermos”, descreve Durán, que afirma não ser pago para fazer isso. Ele garantiria o próprio sustento com a venda de seus CDs gospel (o terceiro está a caminho) e com os shows que faz.
INTERVENÇÃO DIVINA
Foi cantando em um evento religioso, há cinco anos, que ele conheceu a mulher, Poliane Calderin, de 29 anos. Ela o procurou após um culto para pedir um autógrafo. Os dois trocaram números de telefone e, segundo Durán, oraram para saber se era a vontade de Deus que ficassem juntos. Hoje, estão casados, têm uma filha, Esther, de 2 anos, e moram em um apartamento de classe média no Recreio, bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Poliane afirma que o assédio feminino sobre o marido não cessou. “A igreja é um lugar onde as pessoas buscam a santificação, mas não quer dizer que todos são santos. Tenho um esposo que é temente a Deus e isso me dá a certeza da sua fidelidade. Não tenho ciúme, mas tenho que impor respeito”, diz. “Ela confia em mim. Se fosse no passado, não teria como. Eu era viciado em pornografia e em ter muitas mulheres, tinha várias ao mesmo tempo”, afirma Durán, que, entre outras mulheres bonitas, namorou, em 2001, a apresentadora Sabrina Parlatore.
O relacionamento com Sabrina durou seis meses. Os dois estavam juntos quando o cantor assumiu sua conversão à religião. “Ela achou loucura. Eu falava que não iria mais transar e ela não suportou a pressão. Aí, decidi terminar, liguei para ela e disse: ‘Deus falou para mim que não é você’. E não nos falamos mais. Gostaria de voltar a conversar com ela. Ninguém pode ficar só com mágoa, tristeza”, diz ele. Procurada por QUEM, Sabrina disse que estava “sem disponibilidade” para participar desta reportagem.
O CHAMADO DA FAMA
Nascido na cidade de Dieppe, na Normandia, no Norte da França, em uma família católica, Chris Durán foi coroinha na infância. Aos 20 anos, mudou-se para Madri, na Espanha, para estudar economia. Ali, durante uma crise existencial, diz ter recebido seu primeiro “chamado”. “Desafiei Deus, dizendo: ‘Se tu és real, me dá um trabalho através do qual eu possa mostrar os meus dons para o mundo inteiro’”, lembra ele. Logo depois, foi descoberto por um caça-talentos, que o lançou como cantor e fez com que seu primeiro CD chegasse às paradas de sucesso dos Estados Unidos e de outros países. De estudante desconhecido, Durán passou a ídolo musical. “Foi muito rápido. Comecei a andar de limusine, helicóptero, ter aplausos, mulheres. O que eu queria era curtir tudo”, conta.
A PROVAÇÃO
Depois de um ano e meio de sucesso, durante uma excursão ao Chile, em 2001, a farra foi interrompida por um acidente de carro, que deixou o cantor em uma cadeira de rodas por alguns meses. Foi no período de recuperação que ele se apegou à religião, rompeu com seu empresário em Miami, onde morava, e resolveu viver em São Paulo, com amigos. “Deus me disse que eu tinha um chamado para servir como pastor. Passaram-se sete anos, fiquei fora da imprensa. Digo que Deus me preservou”, avalia Durán.
A REPERCUSSÃO
A decisão de levar uma vida religiosa surpreendeu seus pais, Maribel e Christian, que ainda moram em sua cidade natal, na França. “No começo, não compreendemos bem o fato de ele deixar tudo pelo Senhor, mas, aos poucos, passamos a entender. E estamos orgulhosos de sua decisão”, disse, por e-mail, a QUEM, Maribel. O cantor Pepeu Gomes, que ficou amigo de Durán em 2000, quando ambos freqüentavam a igreja Sara Nossa Terra, no Rio, fez uma participação em um show gospel do cantor-pastor no Canecão, há três anos. O guitarrista diz que não pertence a nenhuma igreja e que prefere não julgar o amigo. “O Chris sempre foi legal comigo, de uma sensibilidade fantástica. Se ele é pastor, guitarrista ou vende cachorro-quente, o que importa é como emana a relação de amizade. Sempre gostei de orar, mas não sou católico ou evangélico. Acredito em Deus e respeito a escolha de cada um”, diz Pepeu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário