HOMOSSEXUALISMO É HEREDITÁRIO?

Como então explicar que mais de 90% da população é destra? Aí entram os fatores sociais. A pressão para o uso da mão direita é exercida surrepticiamente de diversos modos, desde a mais tenra infância, e até mesmo já dentro do útero. Mas isso é um assunto que gera pano pra manga de outro post, então deixo o assunto da lateralidade para mais tarde, e vamos continuar falando dos gays.

Alguns pesquisadores tentaram então estimar a hereditariedade do homossexualismo. Estudos foram realizados e chegou-se à conclusão preliminar que ela está entre 25 e 50% — da mesma ordem de grandeza do traço destro/canhoto. Portanto, filhos de pais gays teriam mais chances de serem gays também, caso, de alguma forma, fosse possível gerar um filho de um casal gay...

A coisa não pára por aí. Assim como existe um contínuo de alturas ou um contínuo de tendência a ser destro ou canhoto, existe também um Contínuo da Orientação Sexual, como mostra qualitativamente o gráfico abaixo do artigo original:



O que importa é ver que existem quatro grandes grupos. Antes de começar, uma observação: cada grupo está representado por um retângulo de mesma largura que os demais, mas, na realidade, os retângulos das extremidades são, muito provavelmente, bem mais estreitos que os dois do meio. Vamos então tentar explicar melhor a figura.

Em primeiro lugar está o grupo dos totalmente gays, ou seja, os que (provavelmente) nasceram assim: estes são a minoria. O grupo da extrema direita é o dos totalmente heterossexuais, que são a maioria, por óbvias razões evolutivas: são mais eficientes na reprodução e transmissão genética. Nestes dois grupos dos extremos, seria extremamente difícil (se não impossível) para os indivíduos mudarem de orientação sexual, pelo menos de uma maneira que os fizesse felizes.

E existe ainda a zona cinzenta (ou cor-de-rosa degradé?) entre os dois extremos: gente com tendência a uma atração predominante, mas não exclusiva, pelo mesmo sexo ou pelo sexo oposto. Esses indivíduos poderiam em princípio mudar de orientação sexual.

Não que isto seja fácil. A analogia com os destros e canhotos aqui é útil. Eu, por exemplo, sou canhoto, não sei se por motivos genéticos ou sociais. Eu me lembro de histórias nas quais a minha avó às vezes me forçava, quando eu era um bebê (é verdade, eu já fui um!) a pegar as coisas com a mão direita. Não adiantou nada, porque eu continuei canhoteiro (como dizia meu avô). Por outro lado, eu toco violão como um destro, e nunca tive problema nenhum por causa disso. Eu comecei a tocar assim sem sofrer nenhuma pressão por parte de ninguém, mas porque foi o que me pareceu mais natural e fácil. Portanto, continuo sem saber se eu sou um canhoto genético ou social. Provavelmente a última opção.